Blocos de Rega de Beringel-Beja, Almocreva

Esta intervenção enquadrou-se na execução dos Blocos de Rega de Beringel-Beja, Fase de Obra (2.ª fase), consistindo na escavação integral de uma área diagnosticada em fase prévia à obra e em sondagens de diagnóstico no sítio de Almocreva, na freguesia de Santa Clara de Louredo (Beja). Desenvolveu-se, em duas fases, entre 24 de Abril e 27 de Maio de 2015.

Foram realizadas cinco sondagens manuais com o objectivo de registar a estratigrafia completa de uma área já previamente diagnosticada e de caracterizar um conjunto de estruturas negativas de possível interesse arqueológico. Na sondagem 1 foi escavada uma estrutura negativa sub-circular de grandes dimensões, de natureza indeterminada (talvez uma combinação de ação antrópica e natural), no interior da qual foi registado um conjunto de unidades de cronologia provavelmente medieval islâmica e romana. Foram ainda registados os restos, muito alterados, de uma possível ocupação da Pré-história recente.

Nas sondagens 2 e 3 registou-se a presença de duas estruturas negativas gémeas, com perfil “em saco”, cuja cronologia apontou um enquadramento em época medieval islâmica, pelo espólio arqueológico recuperado dos seus enchimentos. Também nas sondagens 3, 4 e 5 foram registadas três estruturas negativas enquadráveis na Pré-história recente. As estruturas das sondagens 3 e 4 eram muito semelhantes e encontravam-se muito próximas, em posição quase perpendicular. A da sondagem 5, alongada e rematada no seu extremo Norte numa pequena área circular rebaixada, revelou a presença abundante de cerâmica manual, possivelmente enquadrável no Bronze Inicial.

Dos resultados da intervenção foi possível concluir a existência no local de um sítio arqueológico com uma ocupação muito dilatada no tempo. A um conjunto de estruturas negativas datáveis da Pré-história recente sobrepunha-se uma possível ocupação de época romana imprecisa, provavelmente alto imperial.

A presença de um conjunto de materiais de cronologia romana (terra sigillata, paredes finas, fragmentos de lucernas e vidro) era, no entanto, residual, tratando-se sempre de fragmentos de pequeno tamanho. Esta possível ocupação encontrava-se muito alterada, uma vez que alguns materiais romanos apareciam misturados com outros de cronologia posterior. Verificou-se ainda um último uso do espaço atribuível a época medieval islâmica, em momento pleno ou tardio, representado por duas estruturas negativas tipo fossa “em saco” e os últimos depósitos localizados na grande estrutura que motivou a escavação da sondagem 1.

Ainda que tenha sido possível diferenciar estes três momentos de ocupação do local, os dados obtidos foram insuficientes para apresentar qualquer interpretação funcional das estruturas detectadas.

Por fim, convém salientar a presença de mais três ocorrências neste local durante o acompanhamento da abertura de vala. A primeira corresponde a duas valas de plantio, nas quais foi realizada uma secção por parte da equipa afecta ao acompanhamento de obra. A segunda materializou-se pela presença de um dreno, em alvenaria irregular, com cerca de 5 m de comprimento, 0,70 de largura e 0,50 de espessura média. Finalmente, a terceira ocorrência corresponde a uma estrutura negativa com cerca de 2,65 m de comprimento e 1, 90 de largura que não foi intervencionada uma vez que se encontrava fora da cota de afectação.

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