Convento de Jesus (Setúbal) - Levantamento e Análise do Edificado

Esta intervenção consistiu no levantamento ortofotográfico e na análise do edificado do Convento de Jesus, em Setúbal, com vista a fornecer ferramentas que permitissem à Direcção Geral do Património Cultural, em conjunto com os projectistas, estabelecer estratégias, presentes e futuras, de abordagem à reabilitação deste edifício.

Assim, visou-se caracterizar o tipo de aparelho construtivo ao longo do conjunto das superfícies, efectuar o levantamento dos paramentos e, por fim, recolher dados que permitissem sustentar decisões a tomar relativamente à estratégia de valorização a implementar.

Procurou-se sempre realizar uma ponte entre o que havia sido registado no terreno e as fontes existentes. No entanto, sendo estas últimas tão vastas e encontrando-se a realidade presente tão alterada, resultado de uma profunda vivência deste espaço e da sua constante adaptação às suas diferentes funcionalidades, o resultado deste trabalho decorreu da procura de um equilíbrio entre ambos, assumindo que ainda muito trabalho se podia desenvolver a propósito deste tema, abordando outras perspectivas.

Tornou-se claro que existem quatro grandes momentos construtivos associados a períodos relevantes da história deste espaço. O mais antigo corresponde à construção inicial e a momentos posteriores, facilmente integrados na fase de maior desenvolvimento deste edifício (desde a construção até séc. XVII), e traduz-se nos diferentes vãos identificados ao longo do claustro e que se prolongam até ao pavimento original.

O segundo momento é consentâneo com as fontes do séc. XVIII, verificando-se o alteamento do pavimento e abertura de novos vãos, na sua maioria associados aos vãos originais mas provocando a sua destruição parcial. Também é durante este século que se observam profundas alterações nos claustros que conduziram ao fecho do claustro superior com a criação de janelas.

O terceiro momento estará relacionado com a utilização do espaço como hospital, caracterizando-se pelo entaipamento de vãos antigos e pela abertura de outros novos vãos onde se destaca a presença de tijolo de quatro furos (meados séc. XIX – inícios do séc. XX). Por outro lado, associam-se a esta altura as diversas portas e janelas instaladas, maioritariamente no claustro superior, com a zona da bandeira em forma de meio hexagono.

O quarto momento, mais recente, envolve uma série de alterações realizadas ao longo de todo o séc. XX e que se relacionam com obras de manutenção enquanto já relacionadas com a adaptação do espaço a museu: instalação de WC’s no andar térreo, na antiga Casa de Despacho da Abadessa.

Face aos dados disponíveis, os dois períodos de maior dinâmica construtiva aconteceram entre meados do séc.XVI e o séc. XVIII, período em que o convento conheceu o seu maior desenvolvimento graças às inúmeras esmolas e outras benesses, e no séc. XIX, aquando da instalação do hospital e adaptação do espaço para essa função.

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