Circuito Hidráulico de São Matias, Monte da Polina 1

As ações arqueológicas no sítio do Monte da Polina 1 (São Matias, Beja) decorreram entre os dias 16 de Março e 5 de Junho e de 8 a 24 de Junho de 2015, tendo resultado da descoberta, em trabalhos de decapagem mecânica do terreno, de vários vestígios arqueológicos. Foi abrangida uma área total de 481,41m², distribuída por várias sondagens e dividida por dois núcleos de ocupação.

Com efeito, separados por um pequeno barranco no qual circula um curso de água, o sítio do Monte da Polina 1 encontra-se dividido por dois núcleos de ocupação. Ambos os núcleos apresentaram contextos do período romano, nomeadamente estruturas positivas e interfaces negativas tipo fossa, encontrando-se representado o núcleo A pelas sondagens 10, 11, 12, 13, 14, 15-16, e 17 e o núcleo B pelas sondagens 1, 2, 3, 4-5-6-7-18, 8, 19 e 20.

No que se refere ao período romano, no núcleo A, apesar da existência de várias estruturas positivas enquadradas nesse período, não foi possível determinar a existência de compartimentos pelo facto de as estruturas presentes no local se encontrarem bastante destruídas e não permitirem a associação entre si de modo a formarem alinhamentos ou ambientes.

No núcleo B foi possível identificar o remanescente de quatro compartimentos: um na sondagem 1 e três na sondagem 4-5-6-7-18, correspondendo estes vestígios apenas a cantos de compartimentos e não a ambientes completos e fechados. Contrariamente ao ocorrido no núcleo A, as fossas identificadas nesta zona poderiam ter sido escavadas simultaneamente ou pouco tempo depois da construção dos compartimentos, pertencendo nesse sentido a um mesmo momento de utilização do espaço.

                                                               Estruturas.

Ainda respeitante ao período de ocupação romana, os dois núcleos apresentaram genericamente a mesma cronologia, iniciando-se durante o século I e perdurando até ao século seguinte. A diferença existente entre estas duas áreas reside apenas no facto de no núcleo B existirem materiais, fragmentos de terra sigillata africana, que, pelo início da sua produção e disseminação, poderiam apontar para um fim da ocupação do sítio ligeiramente mais avançado em relação ao núcleo A, onde estas cerâmicas não foram encontradas.

No núcleo A, para além dos vestígios do período romano, identificaram-se duas fossas de cronologia islâmica, uma correspondente a uma fossa de despejos/lixeira, e uma segunda estrutura de plano retangular, de função desconhecida. Saliente-se ainda a existência de vestígios enquadráveis na pré-história recente, nomeadamente núcleos de lascas, e lascas e lamelas em sílex, sendo evidente que se encontravam em contexto secundário.

Estes vestígios demonstram claramente que a elevação onde se localiza o núcleo A do sítio do Monte da Polina 1 apresenta uma grande diacronia de ocupação que se inicia pelo menos em tempos pré-históricos, passando pelo período romano e islâmico.

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