Blocos de Rega de Beringel-Beja, Estrada da Calçada 2

A intervenção no sítio da Estrada da Calçada 2 decorreu entre 13 de Outubro e 17 de Dezembro de 2015. Integrada na execução dos Blocos de Rega de Beringel-Beja, iniciou-se no seguimento da descoberta, em ações de acompanhamento arqueológico, de vestígios de derrubes e materiais arqueológicos do período romano.

Os trabalhos efetuados permitiram a identificação de várias estruturas e enterramentos em urna, associados a uma necrópole do período romano, séc. I d.C., localizada nas imediações da cidade de Beja. Além disso, identificaram-se duas calçadas, uma mais recente sobrepondo uma mais antiga, sendo a via mais antiga possivelmente contemporânea da referida necrópole.

Saliente-se, porém, o facto de não existirem materiais datáveis destas calçadas, sendo a atribuição da contemporaneidade com a necrópole maioritariamente especulativa. Com efeito, foram tidos em conta os seguintes factores: a proximidade da via com a necrópole, a localização (à entrada da cidade) e a tradição romana de localização das necrópoles (à saída das cidades, junto de vias).

Os vestígios identificados nas sondagens 1 e 2 referem-se às ruínas de uma necrópole do período romano do séc. I d.C., podendo apontar-se a sua construção para o início do século e o seu abandono para o final do mesmo. Na sondagem 1, foram identificadas várias estruturas, algumas com grande extensão, não tendo possível no entanto aferir qual a sua função, ou seja, se formariam algum compartimento, com que orientação ou dimensão.

Foi apenas possível perceber que algumas das estruturas correspondem a remodelações/recuperações do espaço, aparentando ter existido um período de abandono, com formação de derrubes, tendo-se posteriormente (re)construído novas estruturas de modo a possibilitar a reutilização do espaço, desconhecendo-se se com a mesma função.

No que respeita à sondagem 2, todos os contextos intervencionados associam-se a uma estrutura tipo mausoléu. Este compartimento apresentava marcas de pelo menos duas fases distintas de utilização: uma primeira fase onde são colocados restos de cremação em urna, enterradas no chão da câmara, juntamente com espólio funerário (unguentários em cerâmica); e uma segunda fase onde existe uma remodelação do mausoléu, construção de novas estruturas e redimensionamento do espaço interior, com a redução da sua área.

Tendo em conta a importância dos achados no sítio da Estrada da Calçada 2, e à profundidade a que se encontram da superfície (menos de 0,5 m), recomendou-se que o local fosse protegido de intervenções futuras que pudessem ser intrusivas no subsolo. Neste sentido, deveriam ser fomentadas ações posteriores que permitissem conhecer a totalidade da área abrangida por esta necrópole, no sentido da delimitação da citada zona de proteção.

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