Hotel do Bairro Alto, Lisboa

Estes trabalhos foram adjudicados à ERA-Arqueologia pela Hotel do Bairro Alto – Sociedade de Gestão Hoteleira, S.A, tendo decorrido entre os dias 11 e 26 de Agosto. A intervenção teve como objectivo caracterizar o património arqueológico que pudesse existir nas áreas onde era necessário proceder à abertura de sondagens geotécnicas.

No decurso da abertura das três sondagens arqueológicas/geotécnicas, foram registadas realidades diferentes dependendo da sua localização, tendo a intervenção sido efectuada em duas zonas.

Na loja 109 da Rua do Alecrim, foram efectuadas duas sondagens implantadas junto ao alçado Norte, nas salas 2 e 3. Os resultados obtidos permitiram identificar duas fases ocupacionais, a mais recente com uma reforma posterior. No caso da reforma, toda a área da loja 109 sofreu, algures na segunda metade do século XX, um conjunto de obras que levaram ao abandono do piso original em lajes de calário e a sua substituição por um chão em pedra de lios.

A fase construtiva – oitocentista – da 109 corresponde à construção do próprio edifício em que esta sala se insere. De acordo com os dados apresentados no estudo histórico da autoria de José Sarmento de Matos e Jorge Ferreira Paulo, a edificação actual foi construída no último terço do século XVIII. Os escassos materiais arqueológicos registados nos depósitos associados às fundações deste prédio enquadram-se nestes processos construtivos que conduziram ao levantar de alçados.

Numa fase anterior, esta área aparenta ter sido ocupada, em algum momento do século XVII, por uma estrutura de grandes dimensões, aqui representada por um alicerce. A natureza particular desta estrutura é desconhecida, no entanto, relembramos que durante a centúria de Setecentos foi edificado um conjunto de edifícios, entre os quais uma ermida, conhecida como “Ermida do Alecrim”, mandada levantar por D. Ana de Vilhena.

A ocupação mais antiga registada neste local é representada pelo muro identificado na sondagem 2, selado por depósitos contendo lixos domésticos de meados de Seiscentos. Embora a caracterização funcional e cronológica desta estrutura, e contextos associados, tenha sido remetida para o decorrer do processo de obra, considerou-se que esta poderia estar relacionada com o primeiro processo de urbanização desta área, decorrido na primeira metade de 1500.

No que respeita à loja 115 da Rua do Alecrim, foi implantada uma sondagem junto ao alçado Norte da sala 2. À semelhança do n.º 109, esta zona também sofreu um conjunto de obras de reformulação do espaço no decorrer do século XX. Entre estas, destacam-se o abandono do piso oitocentista e a sua substituição por um chão de pedra de lios.

A fase construtiva – oitocentista – da 115 corresponde à construção do próprio edificado, no qual esta sala se insere. Os escassos materiais arqueológicos identificados nos depósitos associados às fundações da parede e da parede meia confirmam os dados já aportados pelo estudo histórico que datavam de finais do século XVIII a construção deste edifício. Os trabalhos não identificaram elementos estruturais ou materiais datáveis de ocupações anteriores à centúria de Oitocentos.

 

Cofinanciado por: