Edifício Stephens, Marinha Grande

Após o estudo in loco para a componente do relatório Prévio de Conservação e Restauro, em que se procedeu ao levantamento integral de todos os objetos de valor histórico e cultural integrado e respetivas campanhas decorativas existentes no interior e exterior do Edifício Stephens, surgiu a necessidade de conhecer de forma mais aprofundada as características formais, extensão e estado de conservação das pinturas murais identificadas no piso 1, salas 6 a 9 e no piso 2, na sala 8.

A ampliação da prospeção e o diagnóstico do estado de conservação sobre as pinturas murais inicialmente identificadas visaram caracterizar o tipo, a intensidade dos fatores e o estado de degradação dos elementos existentes, assim como a efetiva extensão das pinturas. Por outro lado, permitiu determinar os componentes que existem na sua totalidade, descrevendo o seu valor histórico e artístico e o seu estado de conservação. Para tal, este trabalho consistiu numa análise visual detalhada e de descrição das realidades observadas in loco, a partir da realização de uma campanha de sondagens parietais.

Face aos resultados obtidos no decurso da campanha de sondagens, foi possível aferir que as quatro salas do piso 1 apresentavam todas uma pintura mural nas quatro paredes que as formam, incluindo as paredes pertencentes à fachada principal virada para a Rua de São Paulo. Todas elas continham características que permitiram colocá-las na mesma época de produção, logo deveriam ser consideradas como um conjunto coeso. Refira-se, no entanto, que o estado de conservação das mesmas é relativo ao local onde se encontravam nas próprias paredes, bem como aos danos causados pelas adaptações executadas ao longo das diversas utilizações do edifício.

Destacou-se a necessidade de conservar a memória das pinturas, nomeadamente, através do seu registo, devendo-se refletir, no entanto, sobre a possibilidade de contemplar o seu restauro ou a necessidade de as reaver através da remoção de repintes, considerando a decisão da equipa projetista.

Da análise dos resultados da campanha de sondagens parietais, concluiu-se que as secções das pinturas junto das sancas apresentavam um melhor estado de conservação, ainda que revelassem um nível de desgaste significativamente relevante, enquanto que as pinturas junto ao rodapé, bem como os fundos no centro das paredes, exibiam um nível elevado de lacunas e destacamentos, sendo que o processo de remoção de repintes não permitiu o reaver de toda a pintura. Observou-se a presença constante de uma velatura verde e vermelha destoante aderida à camada cromática a seco, que, com a sua remoção persistente, conduziu a que a mesma fosse alterada ou danificada em conjunto com a pintura mural a valorizar.

De acordo com a filosofia que regia o projeto de reabilitação previsto para o Edifício Stephens, deveria ser contemplada a possibilidade de recuperação das pinturas murais originais. Independentemente da solução adoptada, dever-se-ia considerar obrigatoriamente o seu estado de conservação, o produto final decorrente da aplicação de medidas de conservação e restauro sobre as mesmas e, principalmente, as medidas de reforço estruturais necessárias à conservação e estabilização da fachada principal do edifício.

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