Bloco 9 - Monte da Pata

O sítio arqueológico designado por Monte da Pata foi identificado nas prospecções realizadas no âmbito do Estudo de Impacte Ambiental do Empreendimento do Alqueva (SILVA, 1986).

No relatório efectuado, o sítio é atribuído à Idade do Ferro com base em vestígios recolhidos à superfície: cerâmicas, por vezes fragmentos de grandes dimensões, bordos extrovertidos e revirados, asa anelar de ânfora Ibero-Púnica, fusaiola.

Localizando-se à cota de 150 m, este sítio foi directamente afectado pelo regolfo da Barragem de Alqueva. Essa afectação foi particularmente grave, uma vez que o sítio se localiza perto da cota máxima de enchimento do regolfo (152 m), pelo que estará sujeito a periódicas subidas e descidas do nível das águas, factor que provocará intensa erosão.

A interpretação funcional destes sítios é de momento, com os dados disponíveis, difícil de estabelecer. Contudo, as características evidenciadas pelas estruturas já identificadas, a implantação topográfica dos sítios e os respectivos conjuntos artefactuais recolhidos parecem indiciar unidades de cariz familiar de exploração rural (ALARCÃO, sd), eventualmente subsidiárias de verdadeiros povoados que exerceriam funções aglutinadoras num determinado território (que para o caso vertente poderiamos apontar como hipótese o povoado do Castelo da Junta), lembrando uma situação com paralelos na região de Ourique (SILVA, 1990: 273) ou na vizinha Andaluzia Ocidental (RUIZ MATA, 1994).

Relativamente à atribuição cronológica, e sem querer entrar na recente discussão sobre a validade dos conceitos de I e II Idade do Ferro (ARRUDA, 1990; ARRUDA, GUERRA e FABIÃO, 1995), poderemos propor uma cronologia integrável no que tradicionalmente se tem vindo a designar I Idade do Ferro, correspondente ao designado Período Orientalizante.

Assim, o Monte da Pata poderá ser provisoriamente considerado como datando dos séculos VII/VI, sendo que a possível presença de ânforas ibero-púnicas poderá representar um prolongamento da vida do sítio, já que a sua cronologia é ligeiramente mais tardia (SILVA e GOMES, 1992).

O segundo período cronológico-cultural representado no Monte da Pata corresponderá a uma reutilização tardia do sítio, em época tardo romana, cronologia sugerida pelo alguidar decorado no bordo, à qual se ajustam os fragmentos de dolium com decoração cordada, as telhas do pavimento do forno e os bordos em bisel externo. Esta reutilização poderá eventualmente relacionar-se com a ocupação romana localizada no topo de uma das vertentes fronteiras ao habitat do Monte da Pata.

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