Bloco 10 do regolfo do Alqueva: Ocupações romanas da margem direita do Guadiana

No Plano de Minimização de Impactes Sobre o Património Arqueológico da área a afectar pela albufeira de Alqueva, foi definido o Bloco 10 de investigação arqueológica. O seu programa era dedicado ao estudo da ocupação romana da margem direita do Guadiana.

A região foi dividida da seguinte forma:

zona 1: Alandroal: margem direita do Guadiana, entre a Ponte da Ajuda e a Foz do Azevél, incluindo a bacia do Lucefecit e excluindo a bacia do Azevél;

zona 2: Monsaraz: margem direita do Guadiana, entre a foz do Azevél e a foz do Álamo, incluindo as respectivas bacias destas ribeiras.

Os sítios propostos para intervenção arqueológica por parte da EDIA corresponderam a um total de 14. Apesar da natureza de salvamento arqueológico das ações programadas, tornava-se fundamental o seu enquadramento num programa de investigação, de objectivo bem definidos, sem o qual os trabalhos decorreriam apenas sob um enquadramento técnico.

Os propósitos gerais iniciais viram-se, contudo, condicionados por três ordens de fatores, que obrigaram a alterações e reajustamentos. Primeiro, e logo à partida, colocava-se o problema da distorção da amostra documental: os sítios a intervencionar eram definidos, não em função de critérios derivados das problemáticas do projeto, mas em função das áreas afetar pelo regolfo de Alqueva. O propósito central do projeto manteve-se, mas as dimensões cronológica e espacial previstas tiveram que sofrer reajustamentos.

Apesar das limitações do espaço resultantes dos critérios propostos pela EDIA, procurámos estudar o território como um todo, já que a distribuição espacial dos sítios intervencionados é o resultado tanto de uma estratégia política e socioeconómica de determinada fase de ocupação do território, como das características particulares da geografia do espaço. Foram então, de acordo com os resultados obtidos, identificados quatro tipos de modelos: povoados defensivos (Outeiro do Castelinhos 2, Foz dos Pardais 1 e Lameira 5), villa (Monte Branco 2), granja (Xerez de Baixo 13) e pequenos sítios (Alto da Azenha d’El Rei 3, Monte Anastácio Manuel 3/Monte Anastácio Manuel 7).

Os trabalhos de campo efetuados pela equipa da ERA Arqueologia em cada um dos sítios, levaram à obtenção de um volume de informação que permite conjeturar sobre evolução da ocupação do território durante o período romano, nomeadamente em termos de povoamento rural desta área.

A arqueologia de salvamento decorrente do Plano de Minimização de Impactes Patrimoniais, desenvolvidos pelo Empreendimento do Alqueva, permitiu registar uma imagem pormenorizada da dispersão do povoamento rural romano, em trabalhos que de outra forma dificilmente se realizariam. A investigação sistemática deste território permitiu identificar e estudar os pequenos sítios associados a espólios pobres, correspondendo a uma realidade que normalmente só é contemplada em estudos de análise espacial com base em dados de prospeção. A possibilidade de trabalhar estes contextos poderá proporcionar uma melhor definição das várias formas de ocupação do solo.

Para além de inúmeros relatórios, a equipa da ERA produziu uma monografia de síntese relativa ao projecto.

 

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