Rua Francisco Augusto Flamengo, Setúbal

A intervenção realizada, em 2009, na Rua Francisco Augusto Flamengo, em Setúbal, permitiu a observação de contextos funerários preservados, constituídos por cinco indivíduos. Quatro foram exumados integralmente, tendo o restante sido exumado parcialmente por se encontrar sob uma estrutura ainda não desmontada.

Os indivíduos foram inumados com a cabeça para SO e os pés para NE e com os membros inferiores semi-flectidos à direita. Destacou-se a ausência de espólio funerário e de reutilização funerária das sepulturas. Os parâmetros funerários permitiram, assim, atribuir o contexto crono-cultural islâmico. Já a avaliação dos parâmetros paleobiológicos permitiu identificar três sub-adultos e dois adultos, não sendo possível qualquer diagnose sexual em dois indivíduos. Dos restantes três, dois são masculinos e um é feminino.

A análise paleopatológica foi severamente limitada pelo estado de preservação dos indivíduos. Deste modo, os casos observados provieram maioritariamente da dentição: o esqueleto da sepultura 1 apresentava uma cárie dentária num molar superior; o esqueleto exumado da sepultura 2 apresentava perda ante mortem de dentição posterior inferior esquerda, cárie dentária num molar superior e elevado desgaste do esmalte dentário. Foi igualmente possível observar a presença de diversas marcas de stress muscular no esqueleto proveniente da sepultura 1.

A reduzida dimensão da amostra não permitiu inferir conclusões acerca da sua natureza. Concomitantemente, não foi possível traçar uma caracterização paleoepidemiológica desta população. Para que esta fosse possível, seria necessária, antes de mais, a presença de uma amostra mais alargada e que apresentasse representatividade estatística. Por outro lado, seria também necessária a análise detalhada e sistemática dos esqueletos, permitindo uma melhor caracterização da sua vida e das suas ocupações.

 

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