Sítio do Tonel, Sagres (parecer técnico)

A ERA levou a cabo, em 2011, um parecer técnico relativo à observação dos perfis resultantes da afectação do subsolo num edifício sito no Tonel, Sagres. De acordo com a Direcção Regional de Cultura, esta empreitada encontrava-se condicionada à realização de trabalhos arqueológicos, mais especificamente ao acompanhamento arqueológico efectivo e permanente, o que se justificava pelo facto de poder estar em causa uma afectação sobre património não classificado.

Esta possibilidade decorre do facto de se ter verificado a proximidade deste local a uma antiga mareta, de acordo com o mapa de Alexandro Massay de 1621, informação pertinente do ponto de vista arqueológico, já que em ecossistemas semelhantes na zona do Cabo se identificaram vestígios de assentamentos Paleolítico.

O facto de os trabalhos de afectação do subsolo inerentes à obra em causa se terem realizado num momento anterior ao conhecimento da referida informação inviabilizou o cumprimento das disposições da Direcção Regional de Cultura, razão pela qual não se realizou o acompanhamento arqueológico.

Perante o exposto, foi solicitado à ERA um parecer técnico relativo às realidades passíveis de serem observadas, que se resumem aos perfis ainda visíveis (quadrantes Oeste e Norte) e às terras depositadas num terreno localizado nas proximidades, para a partir dessa informação proceder à descrição e inferir sobre a afectação ou não de património arqueológico.

Com efeito, o parecer apresentado referiu-se a uma avaliação preliminar de realidades cuja escavação não foi sujeita a acompanhamento arqueológico, sendo a leitura apresentada a possível perante as realidades observadas no local, não se inserindo a sua execução em nenhuma categoria de trabalhos considerada pelo regulamento de trabalhos arqueológicos.

O que se observou nos perfis ainda visíveis e nas terras resultantes da escavação sugeriu que não existiu afectação de património arqueológico, contudo, esta avaliação foi válida para as realidades observadas. A única informação disponível para avaliar o impacte da obra referiu-se ao registo fotográfico realizado durante o processo de escavação, disponibilizado pela Topvila. A observação dessas imagens permitiu uma leitura da estratigrafia, sendo visível a presença de substrato geológico a pouca profundidade, corroborando a avaliação presencial dos perfis Oeste e Norte.

Pelo que foi possível observar nos perfis, tendo em conta que não foi realizada a limpeza dos mesmos, verificou-se um depósito de aterro, com presença de elementos pétreos e pedras de calçada, que assentava no substrato geológico, que por sua vez apresentava características distintas (rocha calcária e argilas), encontrando-se praticamente à superfície em algumas áreas. O depósito com presença de pedras de calçada poderia ser interpretado como um aterro, formado no decorrer do século XX. Relativamente à observação das terras, não se registou qualquer indício de materiais ou estruturas.

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