Rua dos Douradores 142-156 e Rua da Assunção 10-16, Lisboa

Os trabalhos arqueológicos realizados no âmbito do projecto de reabilitação estrutural e adaptação a unidade hoteleira de 3 estrelas do edifício sito na Rua dos Douradores 142-156 e na Rua da Assunção 10-16, em Lisboa, foram adjudicados à ERA pela Sociedade Imobiliária Silvar, Lda. e decorreram em duas fases, entre 14 e 16 de Outubro de 2013 e de 31 de Março a 8 de Maio de 2014.

As obras a realizar implicaram a afectação de áreas que podiam apresentar potencial arqueológico, já que se desenvolveram em Zonas de Intervenção de nível II do PDM de Lisboa. Nesse sentido, foram programadas sondagens arqueológicas de diagnóstico que se enquadraram numa perspectiva preventiva e de minimização de impactes sobre o património eventualmente presente neste local.

Com a escavação das sondagens, foi possível identificar os níveis associados à construção do edifício actual, representados por um grande nível de aterro pombalino sobre o qual o mesmo foi erguido. Todas as sondagens revelaram espessas camadas de entulho, seguramente resultado da subida do nível do terreno após a destruição causada pelo terramoto de 1755. Não foi de excluir que este fenómeno tivesse ocorrido num único momento e que os depósitos diferenciados fossem apenas o resultado da utilização de diferentes tipos de entulho.

Sob estes níveis de aterro foram identificadas algumas estruturas de cronologia Moderna, correspondendo provavelmente a construções pré-pombalinas, associadas aos edifícios pré-terramoto presentes neste local, nomeadamente, diferentes compartimentos e vestígios de antigos pavimentos na sondagem 3 e na sondagem 5.

Através dos dados obtidos, foi possível confirmar a presença neste local de um ou vários edifícios pré-pombalinos a cotas entre 1 e 2 metros abaixo do nível da actual Rua dos Douradores, na zona da antiga Rua da Cutelaria, com pavimentos de tijoleira e argamassa e paredes que denotavam uma manutenção cuidada, como provam as diversas camadas de reboco aplicadas durante esta ocupação.

Apesar de estas estruturas terem sido detectadas apenas nas Sondagens 3/7 e 5, tal pode dever-se à escassa profundidade atingida nas restantes, não existindo motivo para duvidar da preservação destes edifícios numa maior extensão. A ocupação destas estruturas aparentou ter sofrido uma destruição relacionada com incêndios, após o qual teriam sido aterradas, provavelmente em resultado do terramoto de 1755.

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