Travessa das Mónicas, n.º 17, Lisboa

As acções desenvolvidas no âmbito das sondagens geotécnicas realizadas, sem trabalhos arqueológicos prévios, no imóvel sito na Travessa das Mónicas, n.º 17, decorreram em Dezembro de 2015. As obras a efectuar no edifício implicavam a afectação de áreas com potencial arqueológico, localizadas na Zona de Protecção do Castelo de S. Jorge e Restos das Cercas de Lisboa e na Zona Especial de Protecção do Palácio Condes de Figueira.

A intervenção que incidiu sobre os contextos identificados no decurso das duas sondagens geotécnicas realizadas resultou da necessidade de registá-los e caracterizá-los, porquanto terem sido parcialmente truncados pela realização dos trabalhos de geotecnia sem o acompanhamento arqueológico preconizado por lei.

A sondagem 1 revelou um nível de circulação regular em tijolo, com 90 centímetros de largura, delimitado por dois muretes em alvenaria de tijolo argamassado, com um pequeno contraforte em alvenaria de tijolo adossado ao tardoz do muro. Esta estrutura assentava sobre uma camada de preparação composta por pedra e argamassa e não identificámos qualquer vala de fundação associada à mesma, indiciando tratar-se de uma pré-existência ao último nível de aterro.

A sondagem 2 expôs uma cisterna em alvenaria de pedra argamassada, com uma boca quadrangular, sem resguardos, enquadrada por quatro lages de calcário. O topo da cisterna constituía um nível regular de circulação, revestido com tijolo, delimitado por uma fiada de tijolo assente de cutelo. Junto à boca desta estrutura identificámos a base de um pilar quadrangular em alvenaria de tijolo, adossado à estrutura da cisterna e provavelmente relacionado com o seu uso.

Ainda que não tenha sido possível aferir uma relação espacial entre as estruturas identificadas na Sondagem 1 e na Sondagem 2, a altimetria das mesmas sugeriu tratar-se de duas estruturas coêtaneas, relacionadas com um edifício pré-existente. As várias plantas conhecidas do edifíco, datadas de finais do século XIX a meados do século XX, não fazem qualquer referência à existência de uma cisterna ou de uma compartimentação no local da Sondagem 1, pelo que seguramente as estruturas são anteriores a 1898, data da primeira planta conhecida.

O material identificado nos níveis de aterro intervencionados é composto por cerâmica comum e faianças de cronologia moderna/contemporânea. Face ao exposto, considerando a existência de vestígios arqueológicos nas duas sondagens realizadas, propôs-se a escavação arqueológica integral das áreas a afectar pelo futuro projecto com vista à minimização de impactes sobre as realidades existentes.

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