Rua do Ferragial, 9-13, Lisboa

A ERA levou a cabo trabalhos arqueológicos na Rua do Ferragial, 9-13, em Lisboa, nos meses de Maio e Junho de 2016. A obra a realizar neste local implicava a afectação de áreas com potencial arqueológico, já que se desenvolve na Zona de Intervenção de Nível II do PDM de Lisboa, estando o imóvel classificado como Conjunto de Interesse Público (CIP).

Acrescente-se que a área de intervenção se encontra nas imediações do hipotético troço da Muralha Fernandina proposto por A. Vieira da Silva em “A cerca fernandina de Lisboa”, volume II, 2ª edição, Lisboa, 1987.

Nesse sentido, foram solicitadas 5 sondagens arqueológicas, abrangendo uma área total de 25m2. Duas tiveram como objectivo o diagnóstico da estratigrafia existente, tendo sido implantadas nas áreas onde o projeto previa afectação ao nível do solo. As outras três tiveram como objectivo a detecção da muralha fernandina. Exposto o resultado das sondagens, foi preconizado o acompanhamento arqueológico de todas as acções que necessitassem de revolver o solo, designadamente, a abertura de três valas.

Foi possível concluir que, caracterizada a funcionalidade e as bases fundacionais do edifício de rendimento pombalino, este sobrepôs-se a uma fase anterior, que associámos ao período pré-terramoto. No que respeita à sequência estratigráfica do sítio, estamos perante um primeiro momento de ocupação anterior ao terramoto de 1755 (pré-terramoto), um segundo momento de construção do edifício pombalino e respectivo aterro, uma fase seguinte de requalificação/adaptação do espaço, e, por último, o momento de ocupação contemporâneo onde funcionou uma oficina automóvel.

Das três sondagens para detecção da muralha fernandina, não obtivemos o resultado esperado. Ao analisar a bibliografia histórica, verificámos que Vieira da Silva caracteriza a nossa área de estudo como escarpada e rochosa, mais exatamente um outeiro junto ao qual estaria o nosso troço de muralha, mas a realidade é que nunca estivemos perto desta realidade geográfica, talvez pela área de obra ou pela cota de afectação de obra.

O acompanhamento arqueológico possibilitou o esclarecimento da estrutura identificada na sondagem 5. Esta leitura foi importante, na medida em que despistou a questão da localização eventual da muralha. De igual modo, possibilitou a descoberta do poço de armazenamento ou recolha de água contemporâneo à construção do actual edifício.

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