Subconcessão do Baixo Alentejo, Lanço C, Monte do Carrascal 2

Realizados entre os dias 10 e 14 de Maio de 2010, estes trabalhos enquadraram-se no âmbito do Projecto de Execução do Lanço C, Ferreira do Alentejo/Beja, da Subconcessão do Baixo Alentejo. O conhecimento sobre a área de implantação do projecto determinou que a mesma fosse considerada de extrema sensibilidade arqueológica/patrimonial, levando à necessária tomada de acções tendo em vista a eventual necessidade de cumprir medidas de carácter preventivo.

De facto, este lanço situa-se junto ao sítio do Monte do Carrascal 2, local que integra contextos de extrema relevância, enquadráveis na Pré-historia Recente, nomeadamente um complexo sistema de necrópole para o qual não se conhecem paralelos no território nacional. Assim, no sentido de diagnosticar a área em que se insere o sítio, foi solicitado pelo IGESPAR a execução de uma prospecção geofísica, tendo sido definida uma área para avaliação, de 50 por 100 metros, a implementar sobre uma nova proposta de traçado.

Em função dos resultados obtidos, e com as limitações inerentes à própria prospecção geofísica (que identifica estruturas, mas não permite, na maioria dos casos, a sua caracterização cronológica cultural e funcional), refira-se que as áreas prospectadas evidenciaram uma grande densidade de estruturas negativas, algumas das quais com significativa complexidade arquitectónica e que, em face do que se conhecia para o Carrascal 2, poderiam corresponder a estruturas funerárias de tipo hipogeus ou núcleos de hipogeus com “átrio” e Tholoi.

Houve igualmente indícios que apontaram para a presença de estruturas de tipo fosso, as quais pareceram configurar a existência de dois recintos que, genericamente, envolvem as estruturas negativas circulares. Tendo em conta as informações provenientes da escavação no Carrascal, dos vários monumentos funerários tipo tholos escavados nas imediações (Horta do João Moura; Pombal), os resultados pareceram confirmar a existência de uma área densamente ocupada e que, com probabilidade considerável, poderia corresponder a um extenso espaço de necropolização associado ao complexo de fossos do Porto Torrão.

Note-se que todo este espaço se situa precisamente do lado Este do complexo de recintos, onde, de acordo com as cosmologias Neolíticas e com as respectivas organizações do espaço, se tendem a concentrar as áreas de necrópole. Por outro lado, todos os grandes complexos de recintos conhecidos na Península Ibérica para o Neolítico Final/Calcolítico, apresentam associadas grandes áreas de necrópole, as quais se podem estender até mais de um quilómetro dos limites dos recintos.

Era espectável que a presença deste tipo de estruturas se prolongasse para Oeste, no sentido da área tradicionalmente considerada como pertencente ao Porto Torrão, não devendo ser de excluir a possibilidade de se desenvolver em anel periférico àquele sítio (sendo, de facto, parte dele). Assim, na área prospectada, o impacte negativo do projecto antevia-se de grande dimensão, não sendo evitável por ligeiras alterações de traçado para Sul ou Norte.

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