Rua de S. Julião, n.º 72 Lisboa

Realizados em 2014, estes serviços arqueológicos englobaram-se no empreendimento de requalificação do n.º 72 da Rua de S. Julião, em Lisboa, o qual implicou a afectação de áreas que poderiam apresentar potencial de carácter arqueológico, dado que se desenvolveu em zonas de intervenção de nível 1 do PDM  – Plano de Pormenor da Baixa Pombalina.

Os trabalhos consistiram na realização de 9 sondagens, 1 no poço do elevador e 8 na futura localização das caixas de saneamento do edifício a recuperar, num total de 12,21 m². Estas foram divididas pelos dois edifícios afectados por este projecto: no n.º 72 foram implantadas as sondagens 1, 2, 5 e 9; no n.º 70 foram realizadas as sondagens 3, 4, 6, 7 e 8.

As sondagens de diagnóstico revelaram a existência de 4 estruturas distintas, 3 das quais podendo estar relacionadas com preexistências anteriores à reformulação da baixa Lisboeta após o terramoto de 1755, como se pôde verificar pelas plantas da cidade de Lisboa anteriores a esta data. Através da análise da cartografia de época, foi possível afirmar que estas estariam relacionadas com os edifícios que compunham o antigo Beco dos Agulheiros.

A última estrutura, identificada na sondagem 6, dadas as características do seu aparelho, poderia estar relacionada com a ocupação romana no local, já confirmada por trabalhos anteriores. Infelizmente, não foi possível atestar esta cronologia, dado que apenas foram aprofundados cerca de 0,70 m, correspondentes à cota de afectação da empreitada, profundidade que só permitiu a escavação de níveis de aterro associados com a ocupação do edifício actual.

A presença destas estruturas implicaria o seu desmonte parcial para a execução do projecto, pelo que foi solicitada uma reunião no local, durante a qual foi sugerida uma alteração ao projecto de forma a não afectar os contextos identificados no decorrer desta intervenção. Como tal, foi decidido modificar o mesmo, subindo a cota das caixas de saneamento e evitando desta forma o desmonte das mesmas.

Uma vez que as estruturas não seriam alvo de afectação e que os depósitos identificados correspondiam a deposições de entulhos e aterros, ficou estabelecido que a abertura das valas entre as caixas, com cerca de 0,30 m de largura, se procederia de forma manual mediante acompanhamento arqueológico.

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