Praça Dom Luís I, Lisboa

Assessorada pelo CHAM – Centro de História Além-Mar da Universidade Nova de Lisboa, esta intervenção revelou uma enorme complexidade arquitetónica desde o início da escavação. Em primeira instância, dos contextos arqueológicos mais salientes, surgiu o estaleiro naval, descoberto na zona urbana onde se instalavam os bairros de marinheiros e as companhias estatais de exploração dos territórios ultramarinos. 

A intervenção foi executada por uma equipa interdisciplinar, integrando investigadores da arqueologia terrestre, náutica e subaquática, cientistas de paleobotânica e geomorfologia. Com expressão assídua em eventos científicos, foi intensamente acompanhada pelos media. Assim, o trabalho de investigação assumiu, desde o início, uma dupla componente de rigor científico e divulgação para um público generalizado.

Devido à elevada concentração de material – mais de setenta peças de navio –, trata-se seguramente de uma área de fundeadouro, pois apenas através do estacionamento repetido de barcos sobre este local se pode explicar uma acumulação tão intensa. Deste modo não será despropositado sugerir a existência de algum tipo de estrutura portuária que justifique a escolha desta área em particular, possivelmente para transfega de mercadorias para terra.

No entanto, tendo existido, seria certamente fora dos limites da cidade, talvez servindo de apoio à indústria de preparados de peixe existente na actual Baixa Pombalina, também ela geralmente junto ao término de Olisipo.

A provável existência de uma pequena baía entre o Jardim de Santos e a Rua do Alecrim, assim como de um esteiro junto à Rua D. Carlos I (Carta Geológica do Concelho de Lisboa, 1986), propiciaria neste local condições para a presença de uma zona de águas calmas, apropriada à fundeação de navios.

Uma vez que a cota de acumulação dos materiais corresponderia ao fundo marinho durante este período, a sua presença a cerca de 3,5 metros abaixo no nível médio das águas do mar revela que a potência das águas seria relativamente fraca, portanto os navios de grande calado estariam provavelmente impedidos de fundear neste local. 

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