Parque de Estacionamento da Praça Dom Luís I, Lisboa

Deliberados na sequência da deteção de achados arqueológicos em ações de acompanhamento e sondagens de diagnóstico efetuadas pela ERA no local, estes trabalhos arqueológicos no Parque de Estacionamento da Praça Dom Luís I decorreram entre Novembro de 2011 e Maio de 2012.

Neste trabalho foi exposto, registado, ortofotografado e desmontado um conjunto estrutural diacrónico, do qual se destacaram quatro estruturas portuárias: um cais de madeira e alvenaria (segunda metade do século XVII), um estaleiro naval de grandes dimensões (segunda metade do século XVII), o cais do Forte de São Paulo (finais do século XVII) e o cais da Casa da Moeda (século XVIII).

Entre este conjunto assumiu particular relevo o estaleiro naval, que se interpretou como provável estrutura integrante da Companhia Geral do Comércio do Brasil, criada em 1649, cujas instalações — a sul da Igreja de São Paulo — viriam a ser ocupadas em 1720 pela Casa da Moeda.

Assessorada pelo CHAM – Centro de História Além-Mar da Universidade Nova de Lisboa, esta intervenção arqueológica foi executada por uma equipa interdisciplinar, integrando investigadores da arqueologia terrestre, náutica e subaquática, cientistas de paleobotânica e geomorfologia. Teve uma expressão assídua em eventos científicos e foi intensamente acompanhada pelos media. O trabalho de investigação em curso assumiu, desde o início, uma dupla componente de rigor científico e divulgação para um público generalizado.

A complexidade arquitectónica do estaleiro naval descoberto na zona urbana onde se instalavam os bairros de marinheiros e as companhias estatais de exploração dos territórios ultramarinos, integra, de forma muito interessante, uma extensa quantidade de mais de setenta peças de navio reaproveitadas na sua estruturação. As evidências materiais recolhidas em contexto arqueológico preservado, quer de âmbito artefactual, quer botânico, atestam a amplitude cultural, social e económica da Diáspora Portuguesa dos meados da Época Moderna, quando Lisboa assumia no mundo um papel de inequívoca importância.

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