Herdade do Mercador (Mourão), Monte do Mercador 7

Esta intervenção corresponde à segunda fase dos trabalhos arqueológicos realizados no âmbito do empreendimento de requalificação da Herdade do Mercador (Mourão, Évora). Adjudicada à ERA-Arqueologia pela L’AND Reserve Herdade do Mercador, decorreu entre os dias 2 e 6 de Junho de 2014.

Os trabalhos efetuados identificaram a continuação dos contextos escavados na primeira fase, correspondentes a uma ocupação materializada pela presença de compartimentos, buracos de poste e lajeados de cariz habitacional. Cronologicamente, não é fácil enquadrar esta ocupação, dada a ausência de indicadores precisos, sendo inicialmente interpretada como correspondente a um período impreciso da Antiguidade Tardia, dada a morfologia e fabrico das peças.

As características de fabrico dos materiais cerâmicos recolhidos pareciam apontar para uma ocupação enquadrável num período tardio da ocupação romana (séculos IV/V), fundamentada na classificação de Adrian De Mann (2003, 2004; De Mann e Soares, 2007) para os contextos da Fase II da ocupação tardo-romana de Conímbriga, na qual o autor destaca “(...) um predominância de potes e púcaros de bordo virado para fora, com lábio arredondado ou mesmo engrossado” (De Mann, 2004).

Porém, esta segunda fase de escavação revelou a presença de algumas formas ausentes neste período, nomeadamente as asas verticais “tipo cesta”, mas com paralelos em sítios datados da Idade do Ferro (meados do I milénio a. C), como é o caso da Herdade da Sapatoa, localizada no Concelho do Redondo (Mataloto, 2004). A este factor, acumulou-se o facto de não ter sido identificado nenhum tipo de material de construção, tal como nenhum tipo de cerâmica de importação, tão comuns nos conjuntos artefactuais atribuídos a este período cronológico.

Apenas a continuação da escavação neste local poderia determinar com segurança a que período cronológico corresponde efectivamente esta ocupação. Com os dados disponíveis, apenas foi possível afirmar que se trata de um tipo de ocupação de cariz rural, materializada pela presença de estruturas de carácter habitacional, realizadas com recurso ao uso de taipa de tipologia ortogonal, com um espólio incaracterístico que pode ser enquadrado tanto no período correspondente à Idade do Ferro como a um período incerto da Antiguidade Tardia.

Como medida de minimização, preconizou-se o desmonte cuidado, no âmbito dos trabalhos de acompanhamento arqueológico, das estruturas que não foram alvo de levantamento no decurso deste trabalho, assim como o acompanhamento arqueológico de todos os trabalhos que implicassem remoção de terras, nomeadamente no rebaixamento do nível actual projectado para a zona a sul da sondagem 4.

Por último, tendo em conta os resultados e considerando a possibilidade de se virem a realizar movimentações de terras em áreas contíguas às anteriormente descritas, propôs-se que as mesmas fossem precedidas de escavação arqueológica integral dos eventuais contextos a afectar por forma a minimizar o impacto desta empreitada sobre os referidos vestígios arqueológicos.

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