Rua dos Fanqueiros, n.º 110-114, Lisboa

Adjudicada pela Habitat Vittae, e realizada entre os dias 10 e 20 de Agosto de 2015, esta intervenção arqueológica decorreu no âmbito do empreendimento de requalificação do edifício nº. 110-114 da Rua dos Fanqueiros. Os trabalhos permitiram compreender um pouco da história ocupacional deste espaço, tendo-se individualizado 5 fases que correspondem grosso modo às principais alterações.

O local apresenta-se construído sobre depósitos argilosos de cor esverdeada, bastante compactos, dos quais não foram recuperados materiais arqueológicos. Estes foram identificados em todas as sondagens efetuadas, encontrando-se imediatamente sob os contextos pombalinos nas sondagens 1, 2, 3 e 4.

Na sondagem 5, o geológico encontrava-se coberto com depósito castanho-esverdeado algo argiloso, contendo alguma cultura material romana (nomeadamente cerâmica comum e cerâmica de construção). A presença destes elementos apontou para contextos de descarte e lixeira, possivelmente associados com os antigos limites da cidade, e os quais identificámos com a segunda fase.

Sobre os depósitos com material romano registou-se um muro e piso associados, produzidos com argamassa branca de areia e cal, que no cerne mostravam muitos fragmentos de tegulae reaproveitados. A sua orientação distinta daquela conhecida para os arruamentos pombalinos remete-nos para o período medieval tardio ou moderno (fase 3). No entanto, a ausência de materiais associados impediu a definição de uma datação fina para esta ocupação.

A fase 4 corresponde aos vestígios do edifício pombalino e da sua construção, como as valas de fundação dos alçados, os sistemas de escoamento de águas pluviais e domésticos e os pisos em lajes de calcário. Já de época contemporânea (fase 5) correspondem alguns elementos, como os pisos em chão hidráulico e o tanque exumado na sondagem 1, produzido em cimento e tijolo.

De forma sucinta, a história do edifício 110-114 da Rua dos Fanqueiros é marcada por um processo construtivo de período pombalino muito aprofundado que eliminou a maioria das pré-existências, colocando a grande maioria dos compartimentos e infraestruturas directamente no substracto geológico local. Os poucos elementos preservados datáveis de fases pré-terramoto surgiram em áreas não afectadas pelos alicerces setecentistas, protegidos pelos fortes alicerces pombalinos e pela ausência de trabalhos de instalação de infraestruturas.

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