Bloco de Rega de Ferreira, Figueirinha e Valbom, Quinta de São Vicente 5

Realizadas entre 25 de Setembro e 23 de Outubro de 2009, as escavações arqueológicas no sítio da Quinta de São Vicente 5 (Ferreira do Alentejo) enquadraram-se numa perspectiva de minimização de impactes sobre o património cultural decorrentes da execução do Bloco de Rega de Ferreira, Figueirinha e Valbom (Fase de Obra).

Os trabalhos desenvolvidos permitiram a constatação, e subsequente escavação, de 18 estruturas de inumação e duas de incineração que albergavam vestígios osteológicos humanos. Durante a intervenção de antropologia de campo, foram exumados 16 esqueletos e algumas esquirolas das sepulturas de inumação e incineração.

                                                      Sepultura.

Os fatores de cariz tafonómico condicionaram a sua preservação e, consequentemente, a qualidade dos registos obtidos a nível funerário, paleodemográfico, morfo-métrico e paleopatológico. Não obstante, foram extraídas algumas informações para os indivíduos exumados neste local.

A observação in situ permitiu constatar que os enterramentos, na sua maioria, foram efetuados em covachos escavados no substrato geológico com cobertura e/ou estruturadas lateralmente por tegulae. Todos os indivíduos foram inumados em posição de decúbito dorsal, obedecendo a maioria à orientação Oeste(cabeça)–Este (pés).

Levantaram-se questões pertinentes no que diz respeito à população aqui exumada, à sua cronologia e à diacronia deocupação do espaço: o espólio, bem representado nesta necrópole, ajudou-nos no enquadramento temporal destas sepulturas – entre o final do século II e o século IV d.C. O estudo pormenorizado do material e a limpeza das moedas podem afinar a cronologia desta ocupação, e ajudar também na interpretação das poucas sepulturas que fogem ao padrão estabelecido.

 

                                                      Artefacto.

Embora haja uma prevalência da escavação de sepulturas antropomórficas, fundas e cobertas por tegulae, registaram-se igualmente algumas excepções: falamos das incinerações, das sepulturas cobertas por materiais perecíveis, menos fundas e com um conjunto de espólio associado distinto; e ainda do caso (raro) no qual não se encontrou nenhum material artefactual associado.

O estabelecimento de um padrão espacial e de um conjunto artefactual pode indicar-nos (embora sendo muito difícil de comprovar) algum tipo de familiaridade entre as sepulturas. Assim parece demonstrar a homogeneidade do conjunto artefactual das sepulturas 7 e 13. Impossível é não associar esta necrópole romana à Villa que se sabe aqui existir, e consequentemente às pessoas que aí habitariam, por um espaço de tempo alargado e ainda pouco conhecido.

Encontrando-se todas as estruturas identificadas escavadas e registadas, não se preconizaram medidas de minimização adicionais para além do acompanhamento arqueológico permanente desta área durante a abertura de vala.

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