Sítio do Alto do Prado do Castelo, Cedães, Mirandela
Os trabalhos arqueológicos realizados no âmbito do diagnóstico arqueológico no sítio do Alto do Prado do Castelo, Cedães, Mirandela, foram adjudicados pela Junta de Freguesia de Cedães e decorreram entre os dias 1 e 12 de março de 2021.
A sondagem 1, implantada no topo de uma elevação e englobando os limites externos e todo interior da capela, procurou expor este conjunto arquitetónico. Em relação ao espólio identificado, este é escasso e parte deste surge de forma descontextualizada (caso de um cossoiro nos níveis de abandono e da presença de material de construção de cronologia romana/tardo-romana em todas as fases de ocupação do sítio).
A sondagem 2, implantada na extremidade oeste duma chã entre as duas elevações principais do sítio, procurou corroborar a existência de uma zona habitacional do povoado fortificado, onde superficialmente já era visível uma ampla estrutura de planta ovalada, e cuja implantação da sondagem visava uma secção transversal da mesma.
Sobre o espólio identificado, este é pouco representativo, e aparentemente algo descontextualizado, ainda que mais expressivo. Dos níveis de construção e abandono da estrutura são de destaque os materiais de construção de cronologia romana/tardo-romana, as cerâmicas comuns de possível cronologia baixo-medieval e alguma de tradição indígena, atribuível a Idade do Ferro, assim como cerâmicas de armazenamento, quer as de produção local, quer possíveis formas de imitação de ânforas.
A sondagem 3, implantada numa possível zona habitacional do povoado fortificado, adjacente a primeira linha de muralha, estava localizada na encosta este da elevação mais alta do sítio, a norte. Entre os objetivos principais constava a melhor compreensão de um conjunto de estruturas visíveis superficialmente neste setor (tendo sido possível englobar apenas uma destas no interior da sondagem), aparentemente adossadas à face interna da primeira linha de muralha, não visível no terreno.
Ao nível do espólio identificado, este foi mais significativo e expressivo. Sobre a cerâmica, em traços gerais, existem três considerações principais a serem enunciadas: verifica-se a presença de cerâmicas comuns, a torno, de possível cronologia baixo-medieval, conjuntamente com cerâmicas comuns de tradição indígena, possivelmente inseridas na Idade do Ferro, em todos os depósitos e níveis de derrube existentes sobre o nível de circulação.
De uma forma global, podemos considerar que os objetivos gerais foram cumpridos, conseguindo-se expor e caracterizar o potencial arqueológico e arquitetónico das áreas intervencionadas.
Por um lado, com a exposição de todo o conjunto arquitetónico constituído pela Capela da Nossa Senhora do Cabeço, foi possível compreender melhor o processo construtivo e considerar as datações inicialmente previstas para este conjunto, ainda que sem grandes certezas. A título de recomendações, para uma fase subsequente, são de referir ações de consolidação, estabilização e restauros pontuais da construção, assim como ações de manutenção esporádica (drenagem de águas pluviais, reforço de estruturas, etc.), no sentido de zelar pela sua integridade física futura.
Por outro, as restantes intervenções confirmaram, ainda que muito restritamente, a presença de estruturas que atestam uma ocupação do povoado fortificado da Idade do Ferro, quer com evidências de estruturas circulares provavelmente habitacionais, quer com a utilização das áreas adjacentes interiores à muralha. No entanto, muitas outras questões ficaram por esclarecer.
Portanto, apenas intervenções futuras podem vir a complementar a informação resultante deste trabalho, e neste sentido são louváveis e recomendáveis os esforços da entidade promotora (Junta de Freguesia de Cedães) no sentido de desenvolver um projeto que contemple ações de investigação e valorização patrimonial do Alto do Prado do Castelo.