Rua da Lapa, 69, Lisboa

No âmbito do empreendimento de reconstrução do imóvel sito na Rua da Lapa, 69, em Lisboa, esta intervenção arqueológica foi adjudicada à ERA pela Comporto, S.A. e realizada entre os dias 14 de Novembro de 2016 e 26 de Julho de 2017.

Os trabalhos de escavação em âmbito de acompanhamento arqueológico permitiram confirmar a estratigrafia apresentada em fase de diagnóstico, por meio de sondagens, cujos resultados apontavam para a existência de uma sucessão de camadas de aterro. Efectivamente, a sequência de depósitos de aterro identificada para a Área 1, representou o que pôde ser interpretado como uma sequência de aterros que suavizaram a irregularidade do subsolo natural do local, providenciando mais estabilidade à construção no período que sucedeu ao terramoto.

De facto, a vertente natural na confluência entre a Rua da Lapa e a Rua São João da Mata N-S é de percentagem elevada, tendo em consideração que o substrato geológico foi identificado a cerca de 4,20m de profundidade na secção Norte (Área 1) e a cerca de 4,30m na secção Sul (Área 2). Este aspecto condicionou a construção do edifício demolido já no séc. XVIII, determinando a construção em talude, onde a zona mais baixa (Sul) foi convertida em jardim.

As diferentes camadas de aterro identificadas apresentaram igualmente um certo grau de inclinação no sentido N-S, cujas escorrências podem explicar o palimpsesto verificado e ausência de níveis arqueológicos preservados. Salientou-se a ausência de materiais arqueológicos, exceptuando a cerâmica de construção (tijolo de dois furos e telha ocasionais de cronologia contemporânea).

Em suma, o palimpsesto observado em toda a área de obra e a inexistência de contextos preservados apenas permitiu a caracterização do local para o período pós-terramoto, o que fez supor que este evento de cariz natural teria destruído evidências anteriores nesta área, a julgar pela proximidade a edifícios de cariz conventual, que dinamizaram o local até esse momento.

Não tendo sido identificados contextos arqueológicos preservados, nem materiais associados, consideraram-se cumpridos os pressupostos aprovados no Plano de trabalhos constantes do respectivo PATA.

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